domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pressões e mais pressões...

Devido ao trabalho, tenho morado durante os dias de semana no apartamento da minha irmã em Porto Alegre, a uns 30km de distância da casa dos meus pais, em Viamão. Devido a isso, costumo reservar as tardes de sábado e domingo para “visitar” a casa onde fui criado.


Esse fim de semana a minha mãe pediu para que eu fosse comprar com ela uma TV LCD de 32 polegadas, pois ela “tava precisando” de uma no quarto dela.

Poxa, mas por que nós precisamos dessas coisas? Nós seremos mais felizes com uma TV moderna em nossas casas? Não ter uma LCD nos IMPEDE de sermos felizes?

É comum ao sairmos de uma loja com uma sacola com algo recém adquirido sentirmos uma espécie de prazer, uma coisa que nos remete à sensação de “dever cumprido”. Mas por que sentimos isso?? Se pararmos para pensar, uma TV LCD não é capaz de preencher nossas vontades mais íntimas, sejam elas quais forem.

Eu acho que esse sentimento consumista tem a ver com as pressões que sofremos para adquirir bens. “Compre isso, beba aquilo, vista-se assim” – diz a publicidade (pressão). Então as pessoas começam a seguir o que lhes foi anunciado. Gente portadora de status social começa a adquirir tais bens. “Opa, eu quero ter o status dele, quem sabe se eu tiver uma TV que nem a dele eu não chego mais perto disso?” (pressão). Então nossos amigos/familiares compram a famosa TV LCD. “O que?! Você ainda não tem uma dessas?! Mas é uma maravilha!! Compre logo!!!” (pressão).

Então vamos até a loja, gastamos nosso dinheiro na nova maravilha e pensamos “Ufa! Comprei! Finalmente! Ó pessoal, comprei, viu?! To seguindo os padrões, to igual a vocês!”

“Clap, clap, clap! Parabéns, você conseguiu!” – responde o pessoal. E todos ficam falsamente felizes.

Eu creio que deve ser mais ou menos isso que passa pelas nossas cabeças...

E agora, em posse da TV, o que mais preciso comprar pra me livrar das pressões? Devo trocar a pintura da parede da sala? Devo comprar uma colcha nova para a cama?

Esses 2 exemplos acima também vieram da minha mãe. Cheguei em casa e vi que a minha cama tava diferente, mas nem dei muita bola. 30 minutos depois minha mãe fala “tu viu só a colcha nova que comprei pra tua cama? Não ta muito melhor agora?!”. Claro que eu falei que tava muito melhor para deixá-la feliz. Mas na verdade não mudou nada pra mim. Digo, não mudou nada “dentro” de mim.

Pois é. Enfrentamos pressões no trabalho para ganharmos dinheiro para nos livrarmos da pressão da sociedade para adquirirmos coisas que são “inúteis”. Que coisa maluca.

Quem leu esse texto grandinho deve estar pensando que eu sou “imune” a isso tudo. Claro que não, eu gasto bastante grana com baboseiras também. Mas na verdade eu to melhorando bastante comparado ao que já fui. Perceber que uma LCD ou um iPhone não me faz sentir completo já foi um grande passo para a liberdade plena. O problema é que perceber e agir conforme o percebido são duas coisas, são dois momentos, diferentes...

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