domingo, 25 de abril de 2010

SIM

Mais um domingo cinza. A vitória no grenal serviu pra fornecer duas horas de esquecimento e diversão alienada, mas foi só. Agora estou aqui novamente naquele desânimo, naquela inércia natural desse dia. Sem vontade de falar com ninguém, sedento por fazer algo divertido, mas ao mesmo tempo achando que nada pode trazer a felicidade. Amargo paradoxo esse. “Que tal escrever pro meu blog?!”. “Ai, que preguiça, não vou fazer isso...”. “Vamos lá, por favor...”. “Tá bom, SIM, vamos lá!”.

O sim, a afirmativa, a aceitação, fez com que eu realizasse algo diferente, algo que aquecesse a escura e gelada caverna dominical. Porém é difícil dizer sim, exige coragem, ousadia. O NÃO é mais imediato, muito mais seco e seguro. NÃO! Pronto. Acabou. Nada vai mudar. Fim.

 Agora o sim requer um comprometimento, tornando-o mais “complicado”. Quem aceita alguma coisa está querendo dizer “ok, eu não sei aonde isso vai dar, mas vamos lá, eu me comprometo a fazer isso pois talvez seja proveitoso”. O problema é que todo comprometimento gera uma certa pressão – “bom, agora que aceitei terei que fazer”, pensamos. E como já escrito por aqui algumas vezes, acredito que nós não sejamos muito preparados para lidar com pressões. Sem falar da aversão ao novo e ao diferente que adoramos exaltar e que um sim pode trazer.

Então pode ser que aí esteja também a preferência das pessoas pela imediatez da negação. Ela é muito mais confortável, visto que não gera comprometimento nem pressões. Nem mudanças. Ou seja, quem é completamente feliz pode continuar negando tudo durante toda sua vida, já que continuará nesse estado de espírito para sempre. Entretanto, somos nós completamente felizes?!

Eu não sou, portanto me resta dizer sim para as oportunidades que aparecem, na esperança de que algo mude e me satisfaça. Um sim pode render uma experiência horrível ou uma maravilhosa. Quem gosta de arriscar pode ser altamente recompensado. Enquanto um não nos mantem estáticos e na dúvida...

...Aquilo poderia ter sido incrível, eu poderia ter sido muito feliz. Mas eu não tive coragem, preferi agarrar-me a vários nãos bem grandes e sólidos que sobrevoavam minha cabeça do que dar boas vindas àquele sim bem tímido e pequeninho que tentava se esconder....

Sem comprometimentos, sem aceitações, sem mudanças. É assim que vivemos hoje. É assim que encolhemos nosso mundo e diminuímos nossas oportunidades. Por puro medo...

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Agradeço ao professor substituto da aula de teatro de ontem que me inspirou a escrever sobre esse assunto. Também agradeço a todos medrosos que adoram dizer não por igualmente me deixarem com vontade de me expressar sobre isso. E finalmente agradeço ao domingo, único dia capaz de me fazer sofrer o suficiente para que eu tenha coragem de atualizar meu blog.

E, SIM, escrever me deixou mais feliz.