sábado, 30 de junho de 2012

Devaneios de uma Alma Doentia

Tenho pensado como a vida, o ato de viver, é egoísta. A gente vive pela gente e tão somente pela gente: pelas nossas aspirações e pela nossa feliciddade. Claro, que aqui e ali a gente pensa no outro, mas no longo prazo o que importa sou eu. Ademais, quem disse que as coisas que eu fiz pelo outro não foram somente para o meu bem, pra eu me sentir bem, pois me sinto bem quando assim o faço?! É meio nojento pensar assim, pois tudo perde o sentido de ser como é. Fica faltando algo, uma aspiração que seja diferente das minhas. A única coisa que consigo encaixar como um verdadeiro ato altruísta é a morte - quando a pessoa morre, ela acaba com o seu egoismo, libertando-a e cometendo seu único ato de solidariedade durante toda su existência - deixar a vida para os outros a viverem.

Eu não entendo quase nada de filosofia e raramente leio algo sobre, mas eu já me deparei com 2 conceitos com os quais eu me identifiquei, pois se encaixam muito bem no meu jeito de levar as coisas: o niilismo e o hedonismo

O niilismo é o que eu penso/sinto quando eu estou nos meus dias mais deprês: uma ausência de finalidade e de resposta ao porquê, pois nada importa, tudo tanto faz. Isso me deixa numa prisão, numa paralisia e uma incapacidade de avançar. Tem gente que diz que o niilismo tem seu lado positivo, pois com a ausência total de cada fundamento, nossa liberdade e responsabilidade não estariam mais sufocadas e controladas. Eu, todavia, infelizmente só consigo enxergar o lado negativo.

Já o hedonismo é o que eu penso/sinto nos meus dias mais felizes: vamos procurar o prazer (entendido como felicidade) a todo custo, vamos viver agora, foda-se o resto. Tudo pelo meu prazer, sejá lá como eu consigo alcançá-lo. O amanhã não me importa.

Entretanto, eu não consigo não classificar tais conceitos como uma utopia, uma impossibilidade de se "colocar em prática", visto que todos nós somos regidos por uma filosofia muito maior e que atualmente é a que está em vigor na humanidade: o capitalismo. Todos vivem para o capitalismo. Antigamente (mas nem tanto), as pessoas ocidentais viviam pela filosofia do catolicismo: tudo o que faziam era em nome de deus e em busca de uma vida eterna ao seu lado. Depois da revolução francesa, o jogo virou, e o poder do clero/monarquia foi para a burguesia, tornando o capitalismo a nova filosofia regente. Nós vivemos por ele, nossas ações são por ele. Fazemos tudo para ganhar dinheiro - seja adquirir experiencia, se formar, fazer curso, inovar, usar a criatividade... Tudo pelo poder do dinheiro, pois este seria capaz de comprar qualquer coisa e, caso algo não vá bem com a gente, bastaria ter uma razoável quantia acumulada no saldo bancário. Pronto, tudo seria solucionado.

É importante frisar que, sim, eu acredito que a pessoa possa ser feliz caso obtenha o chamado sucesso na vida capitalista. Contudo, isso apenas ocorrerá se ela realmente acreditar no capitalismo e no que ele "prega" (dinheiro =  felicidade). De forma análoga, o catolicismo só fará sentido àqueles que acrediterem no que está sendo pregado. Quem é cético, não conseguirá se sentir melhor ao ir em uma igreja.

A grande questão é a imposição e a disseminação quase que total de uma filosofia. A humanidade tem bilhões de anos, mas nos últimos 200 a gente tem vivido como exposto acima - para o sucesso no capitalismo - e a gente faz parte ativamente da história. Entretanto, a filosofia do capitalismo nos é socialmente imposta, com pressões morais e sociais fortíssimas, a ponto de morrermos ou sermos totalmente excluídos do certame caso não a sigamos. Da mesma forma como morriam aqueles que não seguiam deus, Jesus e a Bíblia na era do catolicismo.

Portanto, é inviável "praticar" o niilismo ou o hedonismo no meio em que vivemos, pois isso nos prejudicaria muito no que tange a nossa filosofia-mor corrente. Acredito que é por isso que eu não consiga aproveitar o lado bom do niilismo (a total liberdade), pois caso o faça, falharei no capitalismo com absoluta certeza. Também é impossível lutar - pelo menos em apenas uma geração - contra o que já está enraizado na nossa sociedade. Logo, o que eu percebo é que eu TENHO, sou OBRIGADO, a acreditar no capitalismo como a única saída. A outra alternativa seria ir "contra", de alguma forma, mas isso acarretaria numa auto-flagelação, pois as pressões sociais e as dificuldades me levaria a uma exclusão de tudo. E eu não consigo imaginar uma vida sozinha sem interação social.

E onde eu quero chegar com isso tudo? É que nem sempre uma imposição é cumprida sem questionamentos, e tem dias que eu não consigo acreditar nessa ilusão e perco as esperanças, pois não vejo saída. Tá todo mundo cego diante do seu egoismo, crendo que o norte da vida é esse. E se elas realmente creem nisso, que bom, pois conseguirão ser felizes! O problema é quando a pessoa não crê que isso esteja correto. E é por isso que dizem que a ignorância é uma benção.

Pelo menos são apenas dias de sobriedade - geralmente eu consigo fazer perfeitamente o meu papel na nossa filosofia atual, como um bom agente da história atual. =)

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Bom, depois de tanto "devaneios de uma alma doentia", deixo uma música que tem me companhado essa semana. Eu conhecia a banda só de nome e de algumas poucas músicas, porém pude assistir ao o show deles no Quilmes Festival. Nada me chamou muito atençao, com exceção da última música do show, que pude guardar na minha memória devido à emoção da interpretação:



P.S.: Hoje estou hedonista, hohoho =*

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