domingo, 28 de fevereiro de 2010

Domingo

Acho que estou viciado em festas. Gosto muito de ir em lugares com música boa acompanhado de gente que dance loucamente/estranhamente comigo. Geralmente nas quartas tem festa legais e nas quintas também. Logo, eu procuro sair nesses dias mesmo tendo que acordar 7h30 pra trabalhar. E sexta e sábado então... Bem, é sexta é sábado, né...


Então chega domingo – o dia da ressaca. Física e moral. Provavelmente porque sábado geralmente o trago é maior que nos outros dias. E cada vez tem piorado mais. Ontem, por exemplo, me disseram que após a festa eu dormi cerca de 40 minutos no tapete da casa do meu amigo. Eu achei que tinham sido só uns 3 minutinhos (não que o fato de dormir apenas 3 minutos sobre um tapete diminuísse o fato de dormir sobre o tapete. Mas enfim...). Sem falar do escândalo à la criança de 5 anos pra descer do carro. Lamentável...

Hoje é dia de ir relembrando as merdas feitas e ditas. E também de rir com as coisas que nossos amigos nos dizem que fizemos – mas que não lembramos.

Amanhã no trabalho eu também sei o que vai acontecer. Vou estar concentrado em algo e de repente vou me lembrar de algo que falei ou que fiz, ou que queimei o filme com X, Y e Z. Então ficarei com vergonha e taparei o rosto com as mãos. Até que darei conta que estou no trabalho e volto ao normal.

Sério, eu tenho feito coisas absurdamente sem noção. Acho que o que me traz coragem de continuar saindo na rua depois disso tudo é um pensamento do tipo “fiz merda? Fiz! Queimei meu filme mais ainda? Óbvio! Mas na hora foi divertido? Foi! Eu tava feliz? Sim! Então ta valendo!”. Mais ou menos como Kids do MGMT: "No time to think of consequences". E Vamos pra próxima!!

Aliás, quarta tem Chumbo Certo no Cabaret!

E eu tenho muito medo do que vai acontecer nas festas em Dublin. Esse negócio de liberdade plena, vejam só, também pode ser perigoso...

Coisas que não gosto de pensar

Uma das coisas que mais me inquietam quando começo a pensar a respeito é sobre a imensidão do universo. Não dá.

Quando começo a pensar naquela frase “o universo é infinito” me vem à mente o Google Earth. E eu começo a diminuir o zoom no Google Earth. Aí vai tudo diminuindo, diminuindo... Viamão fica minúscula, Rio Grande do Sul também. Depois é a vez do Brasil, da América do Sul e, que coisa, do próprio planeta Terra.

Mas ainda tem mais – a nossa galáxia pode ficar minúscula, o Sol pode ficar minúsculo. Tudo pode ficar minúsculo comparado a algo maior. E sempre tem algo maior! Isso me traz uma sensação de “Nossa, como eu sou um nada. As preocupações que tenho na minha vida são tão... insignificantes. EU sou tão insignificante!”. Isso realmente me perturba.


Também não gosto de pensar sobre a origem da vida, sobre se ao morremos realmente “acabou” e sobre algo relacionado ao texto abaixo – o quanto de coisa inútil consumimos.

Não vou me estender muito, pois senão acabarei escrevendo as mesmas coisas do texto anterior. Mas aí vai outro exemplo: Coca-Cola. Não é uma coisa muito inútil e que vende bilhões de litros?! Falo no sentido de que poderíamos viver felizes e serelepes sem coca-cola. Claro que agora que estamos acostumados fica mais difícil de "largar", mas se não tivessem inventado e feito uma publicidade e um marketing dos demônios ninguém acharia cool ou saboroso tomar coca-cola.

E a maioria das coisas com que gastamos nosso dinheiro são assim.

Nesses últimos meses eu concentrei minhas despesas em 4 coisas: Alimentos/bebidas, gasolina, festas e bebidas alcoólicas (para as festas). Não fugi muito disso, já que - como eu disse – tenho controlado as pressões consumistas.

Bom, agora que citei festas e bebidas alcoólicas me veio à cabeça outro assunto para abordar... Medo...

Pressões e mais pressões...

Devido ao trabalho, tenho morado durante os dias de semana no apartamento da minha irmã em Porto Alegre, a uns 30km de distância da casa dos meus pais, em Viamão. Devido a isso, costumo reservar as tardes de sábado e domingo para “visitar” a casa onde fui criado.


Esse fim de semana a minha mãe pediu para que eu fosse comprar com ela uma TV LCD de 32 polegadas, pois ela “tava precisando” de uma no quarto dela.

Poxa, mas por que nós precisamos dessas coisas? Nós seremos mais felizes com uma TV moderna em nossas casas? Não ter uma LCD nos IMPEDE de sermos felizes?

É comum ao sairmos de uma loja com uma sacola com algo recém adquirido sentirmos uma espécie de prazer, uma coisa que nos remete à sensação de “dever cumprido”. Mas por que sentimos isso?? Se pararmos para pensar, uma TV LCD não é capaz de preencher nossas vontades mais íntimas, sejam elas quais forem.

Eu acho que esse sentimento consumista tem a ver com as pressões que sofremos para adquirir bens. “Compre isso, beba aquilo, vista-se assim” – diz a publicidade (pressão). Então as pessoas começam a seguir o que lhes foi anunciado. Gente portadora de status social começa a adquirir tais bens. “Opa, eu quero ter o status dele, quem sabe se eu tiver uma TV que nem a dele eu não chego mais perto disso?” (pressão). Então nossos amigos/familiares compram a famosa TV LCD. “O que?! Você ainda não tem uma dessas?! Mas é uma maravilha!! Compre logo!!!” (pressão).

Então vamos até a loja, gastamos nosso dinheiro na nova maravilha e pensamos “Ufa! Comprei! Finalmente! Ó pessoal, comprei, viu?! To seguindo os padrões, to igual a vocês!”

“Clap, clap, clap! Parabéns, você conseguiu!” – responde o pessoal. E todos ficam falsamente felizes.

Eu creio que deve ser mais ou menos isso que passa pelas nossas cabeças...

E agora, em posse da TV, o que mais preciso comprar pra me livrar das pressões? Devo trocar a pintura da parede da sala? Devo comprar uma colcha nova para a cama?

Esses 2 exemplos acima também vieram da minha mãe. Cheguei em casa e vi que a minha cama tava diferente, mas nem dei muita bola. 30 minutos depois minha mãe fala “tu viu só a colcha nova que comprei pra tua cama? Não ta muito melhor agora?!”. Claro que eu falei que tava muito melhor para deixá-la feliz. Mas na verdade não mudou nada pra mim. Digo, não mudou nada “dentro” de mim.

Pois é. Enfrentamos pressões no trabalho para ganharmos dinheiro para nos livrarmos da pressão da sociedade para adquirirmos coisas que são “inúteis”. Que coisa maluca.

Quem leu esse texto grandinho deve estar pensando que eu sou “imune” a isso tudo. Claro que não, eu gasto bastante grana com baboseiras também. Mas na verdade eu to melhorando bastante comparado ao que já fui. Perceber que uma LCD ou um iPhone não me faz sentir completo já foi um grande passo para a liberdade plena. O problema é que perceber e agir conforme o percebido são duas coisas, são dois momentos, diferentes...

Sumário

Como diria o MGMT em Time to Pretend - "I'm feelin rough i'm feelin raw i'm in the prime of my life."

Mas, afinal, que tempo é esse?

Eu não sei, eu apenas sinto que "estou" nele. É como se fosse o horário nobre da vida. É quando o que sempre serviu agora não serve mais. Tempo de mudança, de novas experiências, de descobrimento. Afinal, quem sou? O que me faz feliz? Refiro-me à felicidade verdadeira, aquele sentimento que me deixa poderoso, confiante, completo.

É atrás desse sentimento que estou correndo. Onde, quando e como eu posso achá-lo?!

Certamente se eu continuasse no meu emprego daqui a 15 anos eu estaria ganhando alguns milhões por ano.
Mas vale a pena ficar todo esse tempo em um escritório fechado, na frente de um computador, vivendo em um clima extremamente pesado dia-a-dia, tendo que conviver com pessoas que só sabem falar de trabalho? Tudo isso para que quando eu tiver 35 anos eu olhe para o meu extrato bancário e veja uma quantia que me faça pensar "pronto, AGORA posso aproveitar minha vida".

Por que não aproveitar agora? O que me impede de ser feliz já agora? Dinheiro? Não, não... Comprar uma TV de LCD de 60 polegadas não preenche os meus desejos mais profundos. Quero algo mais real que isso.

Outro sentimento que tenho buscado incessantemente é o de liberdade. Quero me libertar de todas as pressões sociais. Quero fazer as coisas que tenho vontade e não o que a sociedade diz ser correto. Não existe correto. Quem disse que deve ser assim? Por que devo passar a vida fazendo algo que não me agrada???


No entanto, é muito difícil viver dessa forma, indo contra os padrões estabelecidos. A pressão que sofremos das pessoas - mesmo dos amigos e da família – para que sigamos o caminho “comum” é enorme. Isso torna a liberdade plena algo incrivelmente difícil de se alcançar. Seria a liberdade plena uma utopia? É outra coisa que estou tentando descobrir...

A viagem para Dublin tem tudo para ser um laboratório incrível onde talvez eu possa descobrir as respostas para essas perguntas. Um lugar distante de tudo, conhecendo previamente apenas duas outras pessoas, parece-me um ambiente bom para que eu possa “testar” essa teoria de liberdade plena a afins.

Enfim, o que encontrarão aqui nesse blog basicamente serão textos/pensamentos sobre o que está escrito aí em cima: felicidade, liberdade e viagem. A busca da liberdade para ser feliz durante uma viagem. Ou algo parecido.

Introdução

A iniciativa para criar este blog veio a partir da viagem que farei para a Irlanda junto com o Cesar e o Vicente. Ficaremos um ano lá, trabalhando/estudando/viajando/curtindo. A passagem ta marcada pro dia 17 de junho...

Porém eu não pretendo fazer desse blog apenas um descritivo das histórias e situações que vivenciaremos por lá. Desejo também refletir em cima dessas histórias sobre as emoções que sentimos, sobre os nossos reais desejos e sobre como a pressão da sociedade faz com que mudemos nossas atitudes para algo que, no fundo, a gente nao quer.

Enquanto o tão esperado dia não chega eu vou escrevendo aqui o que me der vontade.

Vale dizer que domingos de ressaca física e moral são os melhores dias para se ter inspiração para escrever algo. Sim, hoje é domingo.