quinta-feira, 31 de março de 2011

Coisas Boas

Como é ruim só conseguir enxergar o preto e o branco quando as cores são as mais reluzentes já vistas.
Como é ruim sentir o peso do vazio amassando, amassando, amassando...
Como é ruim provar um pouco do doce só pra depois se entupir do amargo.
E como é pior quando o doce estraga e amargo fica.

Como é ruim não conseguir escutar, não conseguir apreciar
Como é ruim poder escutar mas não ter o que admirar
Como é ruim viver em uma bolha, sem poder ser visto, sem poder gritar
E como é pior preferir a bolha a qualquer outro lugar.

Como é ruim caminhar nas nuvens, sem chão, sem direção
Como é ruim caminhar na rua, limitado, sem ação
Como é ruim ser percebido como uma grande ficção
E como é pior perceber tudo como uma grande ilusão.

Como é ruim ser incapaz, tentar conseguir, mas não ter forças.
Como é ruim não compreender, tentar descobrir e continuar não compreendendo.
Como é ruim saber que tudo pode ser colorido, leve, doce, amplo, livre, real, real, real...
Mas como é pior na real não ser nada, na real não estar nada.

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terça-feira, 22 de março de 2011

Agora

Aos poucos vai chegando e ele vai sentindo.
Sentindo sem poder explicar. Até porque não poderia.
Tudo é tão belo e tão agradável, do jeito que sempre quis.
Mas tudo tão vazio e frágil. Apenas um toque e puf - desmancha.
Desmancha e incomoda. Desmancha e irrita.
"Nicht interessant, nicht interessant..."

Tenta fugir pra descobrir. Foge e não descobre.
Pior, foge e se perde. Perde-se profundamente.
A hora é agora, mas onde estão escondidos?!
Talvez o que lhe dizem é verdade, aliás, nunca negou.
Sempre soube, mas sempre teve medo.
"Verrückt! Verrückt!"

Sua noção de tempo já está distorcida.
Quer o futuro sem deixar o presente. Quer demais, quer demais...
Tem medo do depois, tem medo do agora. Teme.
Incapaz e inerte ele tenta e não para de tentar.
Pensamentos distantes vão crescendo, mas é bobagem.
Nunca atingirão a maturidade.
"Achtung! Achtung!"

Aos poucos, aos poucos...
Quer parar de atuar pra amarga plateia.
Quer viver no palco com seus amados.
Todos compreendendo tudo, mesmo sem entender nada.
Tirar as pedras do estômago, um ar fresco para sua pele.
Um ar fresco de primavera.
Ou, melhor, um ar quente de inverno.
É o que precisa.
"Jetzt"

sábado, 12 de março de 2011

New Seas

When she clumsily and ungracefully entered late into the classroom, Adam immediately felt something magically different in the air. Her name was Emily and she had a conspicuously strong Canadian accent, although his amusing way of speaking didn’t let him lie he wasn’t from Australia. Both were in Ireland, putting up with the absolutely unpredictable Irish weather, in order to get a diploma in Arts. Of course they had crossed the world for other reasons as well. They intuitively knew it’s easier to forget and to start anew when you feel the wind being blown smoothly by a different sea. And so they courageously took a risk of revivifying their painfully broken hearts. Weeks of complete fulfillment came. It was just totally pure love and nothing else to care about.

However, June came and in June things tend to change creepily. Adam had to move to Greece. Emily surprisingly had to return to Canada. But they deeply loved each other, so promises were made. He would go to Vancouver incredibly soon. He took forever. She would be passionately waiting for him. Unhopefully, she just waited.

It was a new season. New seasons require fresh air. New seasons require new seas.

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Esse texto foi escrito há quase 2 meses e era um tema ("tarefa", "lição", "dever", pra quem não sabe gauchês) do curso de inglês.

Fiz uma releitura dele hoje e me identifiquei com o meu momento agora. Novos mares e ar fresco, uma nova temporada. Começar tudo do 0, tudo de novo. Dá medo e, sim, é difícil. Mas rapidamente a massa vai tomando forma e as cores ficam mais palpáveis.

Desta maneira, o que me resta é desfrutar de todas as cores e de todas as formas que aparecerem. Desfrutar e esperar. Pois em junho as coisas tendem a mudar lenta porém completamente. Afinal, junho é uma nova temporada, e, acima de tudo, uma nova (mais uma) estação.

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Não, não esperem um texto em alemão daqui 3 meses.

Tchüs.