domingo, 10 de abril de 2011

Labirinto

Eu gosto de labirintos. Especialmente aqueles de cores verde-musgo, bem escuros, com muitas voltas, muitas falhas, muitas armadilhas. Especialmente aqueles que me sufocam, que me pressionam, quase me esmagam, que se fecham em torno de mim, tirando minhas forças e minha visão, mas me fazendo gargalhar de satisfação. Os que giram e não param de girar também são divertidos - fica mais complicado. E de repente começo a escutar cochichos que imploram por mim, e alguns pontos começam a brilhar, e eu me torno apenas mais um ser celeste em uma atmosfera infinitamente abafada. Os cochicos tornam-se vozes e logo em seguida gritos. Gritos de socorro, gritos de incerteza. É a minha mente pedindo pra sair dali - urgente. O labirinto está escuro demais, não há mais como achar a saída, diz ele. Confie em mim, vai ficar tudo bem, respondo. A velocidade aumenta, e quanto mais gira mais energia sinto, a ponto de levitar para depois voar e sentir o frescor do vento úmido batendo na minha face. É tão prazeroso... Mas eu agora eu preciso descansar - aterriso e fico ainda mais perdido. É tão gostoso... Corro, salto, giro, bato-me contra as paredes e dou muita risada de tudo isso. A saída? Quem disse que existe?!

"Mas você disse para confiar em você!", reclama.

"Não, nunca confie em mim, nunca confie no que digo, nunca."
.silêncio.
"Ah, eu já te disse que gosto de labirintos?"


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Domingo de sol aqui. Dia de Mauerpark! =)





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